sábado, 1 de junho de 2013

A vida de Po

A vida de Po é uma história "enfabulada" da vida de um clube de futebol. O Futebol Clube do Porto. Aqui carinhosamente tratado por Po.

Existe, na vida de qualquer criança, uma idade, normalmente entre o 6 e os 8 anos, que que o pai, ou nos casos mais carinhosos, o avô tenta, por palavras simples, explicar o amor àquele clube, que aprendemos amar sem perceber muito bem porquê. Sou do Porto desde pequenino, diz a criança. Não compreende como começou, mas sabe que é. 

O avô ou o pai, explicam. Dos grandes, o Po é o mais antigo de todos. Nascemos em 1893. O inicio foi duro, e da história não rezam grandes conquistas. Durante anos fomos o 3º grande de Portugal. Mas com a chegada do nosso querido líder, em 1982, a história mudou. Crescemos. Com trabalho, dedicação e esforço, chegamos ao topo. O nosso querido líder apenas se preocupa com o nosso Po. Lutamos contra tudo e contra todos de forma tão honesta como até aqui não se tinha visto no futebol mundial. O nosso clube é amor. É fair play. É respeito pelo próximo. É liberdade. É um discurso pró-futebol. Somos um clube mundial. As vitórias alimentam-nos no dia-a-dia. Somos maiores que os maiores de Portugal. Somos Po.

A criança, com um brilhozinho nos olhos sente orgulho. Sente orgulho de ser de um clube assim. Sente orgulho de também ela ser Po. 

Na escola as coisas não correm bem. Quando tenta explicar o que é ser Po, os colegas mais velhos riem-se. Gozam. Dizem coisas sem sentido. Magoam-no. A criança chora. São cruéis os colegas mais velhos. São cruéis porque não são Po. São o oposto de ser Po. São inveja. Contam outra história. Contam que o Porto só nasceu muito mais tarde. Dizem que o querido líder é corrupto. Que joga com artimanhas. Com ameaças. Com jogos de bastidores. Que está tudo no youtube. Que é o ódio que os move. Que incitam à violência. Que o Po tem um discurso pequenino, de quem se preocupa mais com o rival de que consigo. Que o Po festeja mais as derrotas do rival Benfica às vitórias do Po. Que o Po é um clube regionalista, que por muitos títulos que tenha ganho e continuará a ganhar, nunca deixará de ser um clube regional. Pequenino. Que o Po é o oposto que a história que o pai "enfabulou".

Quando a criança regressa ao casa, conta ao pai/avô o que se passou. O pai/avô diz. Somos nós quem ganhamos. Somos nós quem festejamos. São os títulos que contam. Só os títulos importam. Importante é continuar a ganhar. O resto é inveja. Se somos vitória, o que é que achas que somos? Em quem é que preferes acreditar?

O filho/neto atento ao que lhe dizem diz. Pai/avô, os meus amigos são todos mentirosos. O Porto é o maior de Portugal. Somos Po.

Conclusão: No fundo, por mais que ignoremos, todos sabemos o nosso lugar. O resto é o amor a falar mais alto.

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