domingo, 2 de dezembro de 2012

Do 8 ao 80 vai a mesma distância do 80 ao 8

No recente Benfica vs Olhanense que assisti ao vivo, havia um jogador em campo cujos olhos de 3 Açorianos da ilha de São Jorge recaíram com especial atenção. Não era nenhum jogador do glorioso, aliás, dos 3 eu era o único Benfiquista. Quer dizer, até é um jogador do maior do mundo, mas que vestia as cores do Olhanense, Djaniny de seu nome, o tal miúdo que despontou aqui no clube da terra, G.D. Velense. É natural que para quem, como eu, é adepto e ex-jogador do Velense, queira ver o miúdo singrar no mundo do futebol. Do crer ao acreditar é que vai uma enorme diferença. Naquele jogo estávamos os 3 a olhar com especial atenção aos seus movimentos, não era preciso muito, pois não sei se ele chegou a estar com a bola 1 minuto nos pés. Os meus amigos com esperança que ele fosse a figura do jogo, e eu com a esperança que fosse a figura do Olhanense. Porém, nem do jogo, nem do Olhanense.

Depois do jogo, já no hotel, falamos do mesmo, e obviamente que a conversa recaiu sobre o Djanini. No bar, sentados a uma mesa, debatíamos o assunto, quando o meu colega e amigo disse, desiludido, qualquer coisa como, "epá, o porr@ do Djaniny cada bola que tocava, cada bola que perdia, não jogou um c@r@lho", "parece que corre sem vontade", isto entre outras coisas, nenhuma delas elogiosa. Óbvio que todos concordamos, mas com pena. Tivesse eu aqueles pezinhos e aquela oportunidade, e queria ser o melhor marcador da Liga de Honra, sim, da de Honra, no Benfica B. Confesso que não compreendo estes putos, e dá-me um misto de pena e raiva ver tanto talento desperdiçado. Que ele ganhe na cabeça, 1/10 do talento que transporta nos pés. 

Quando nos dirigimos ao balcão para pagar, os meus olhos fixaram um vulto, que logo identifiquei e apontei aos meus amigos, "olha o Djaniny", e era mesmo. Foi nesta altura que o meu companheiro de viagem compreendeu o porquê do mesmo vulto, e dos amigos que o acompanhavam, se terem voltado para trás e fixado a nossa mesa, quando momentos antes se desancava na jovem promessa. Na verdade não sei o que é que ele ouviu, se é que ouviu alguma coisa além do seu nome, mas se ouviu, que sirva para o acordar para a realidade do que é o futebol, onde hoje somos o herói e amanha o vilão. É que o comboio não vai esperar eternamente por ele, e pelo que vejo, já partiu. Djaniny, corre, corre com vontade que ainda vais a tempo de apanhar, quiça, a última carruagem. Fico a torcer por ti. Tenho fé.

Edit: Erro ortográfico, de fazer corar a minha professora primária, parecia o Jasus.

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